quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sobre "ligações" mal feitas e suas interferências.

Há mais ou menos 10 anos entrei pela última vez em uma Igreja com o intuito de buscar uma religação com o Divino. Não deu certo. E a (má) experiência só ratificou minha opinião conturbada em relação a todas as religiões pelas quais “passei”. Sou de família com descendência Nordestina, logo todos são de origem religiosa Católica Apostólica Romana. Quando moleque ia à missa mais por obrigação do que por vontade própria. É isso mesmo meninada, na minha época a mãe mandava e a gente obedecia. Pois bem, com o passar dos anos, entre minhas revistas do Conan, Hulk, Batman, Lobo, Homem-Aranha, Hell Blazer e tantas outras, eu lia a Bíblia. Como qualquer garoto que mora numa cidade pequena, eu “viajava” naquelas histórias de pragas, dilúvio, meninos nascidos de virgens, gente que retornava do mundo dos mortos, enfim. Na minha cabeça era um gibi “massa pacas”, só que sem figuras bem desenhadas e quadrinhos descritivos.

Sim moçada, li a Bíblia umas três vezes. Lembre-se que pra criticar ou elogiar algo, primeiro temos que conhecer. A palavra preconceito já é autoexplicativa demais, justamente por se tratar de um conceito prévio, e na maioria das vezes errado, em relação a qualquer assunto que abordamos hoje em dia. E nisso fui crescendo, e construindo aí uma linha de raciocínio sobre religiões, divindades, fé, crenças e charlatanismo. Sim, li muito sobre isso ao longo dos anos, principalmente sobre a estrutura política que existe dentro das instituições religiosas. E isso me dá asco. Sou a favor que todos tenham direito a expressar suas crenças de maneira convicta, mas sem violência, extremismos, radicalismos e charlatanismos principalmente com intuito financeiro. Isso também me dá muito nojo.

A palavra religião, se não me engano, segundo meu querido Professor de Sociologia da Comunicação da Ufac, o Professor Dr. Enoque (Pastor Batista), é oriunda do latim “religare” que significa mais ou menos que a “religião religaria o homem a Deus”. Dito isto, voltemos a extrema necessidade humana de ter sempre algum templo, casa de oração, comunidade, ou algo do tipo, para poder alimentar a “comunhão” baseada nas crenças, que assim atingiria o ápice que seria o contato com a Divindade na qual respectivo grupo “deposita” sua fé. A base da sociedade é a religião, muito mais do que a política, imaginem um mundo sem medo de “castigos divinos, inferno, pragas ou punições eternas em geral”?! Claro, isso é caso não sigam exatamente o livro de regras que nos fora imposto. Seja a Torá, Alcorão, Bíblia Sagrada, Bíblia Mórmon, Bíblia Satanista, qualquer literatura psicografada, por Alan Kardec ou Chico Xavier. Até mesmo seguidores das teorias malucas de Aliester Crowley e os loucos seguidores da “Lei de Teleman” ou os fieis que creem nos “Reptilianos” como se não houvesse amanhã.

Dito isto, que é uma parcela infame para analises acerca de todas as religiões, seitas, grupos secretos etc. existentes em nosso planeta, voltemos ao ponto crucial dessa breve história de experiência decepcionante com os mensageiros do “divino”. Foi um convite recebido por um familiar, para que fossemos à Igreja Universal do Reino de Deus. É amigos, foi difícil pra aceitar, mas como a condição do parente não era das melhores, psicologicamente falando, resolvi dar uma força e fomos ao culto da sexta-feira, cujo o nome é algo como “Não-sei-o-quê dos milagres”, “Não-sei-o-quê-do-descarrego”, ou coisas do tipo. Chegando, fui bem recepcionado. Minha cara de “novato” no espaço deixa os diáconos e obreiros sedentos por um novo membro que irá se converter àquela noite, e será mais uma “alma” resgatada para a obra, o cofre e a tutela dos Pastores que conduzem as ovelhas cegas e enfermas, direto para o abatedouro da fé. Tentei não criticar logo de inicio, mas é quase impossível. Prometo tentar ser mais isento.

Começam as orações e rituais em si, com cânticos e mensagens lidas e “interpretadas” pelo Pastor, extraídas direto das escrituras sagradas e derramadas como “água de esclarecimento” sobre a cabeça dos sofridos que ali estão – Até agora é o texto com mais aspas desse Cérebro –  Tento me concentrar e relembrar como se reza, ora, faz um pedido ou desvia o olhar curioso do “irmão” que tanto berra ao meu lado. Começam as promessas de resolução de problemas, os pactos com a prisão temporária de sapatos (Até hoje não entendi aquela lombra dos sapatos direito) pressão psicológica para doações “espontâneas” e depoimentos de pessoas que parecem ter nascido matando, roubando, estuprando, usando drogas etc. E que agora nada disso importava mais ou marcaria suas vidas.

A parte “bacana” veio: A oração do descarrego. Basicamente somos obrigados a baixar a cabeça, fechar os olhos e orar pra que todos os problemas sejam solucionados como num passe de mágica. É até tocante, no inicio, depois começa a ficar patético. As pessoas que auxiliam no culto se dirigem aos membros que aparentemente estão entrando numa espécie de transe, e ficam em posição “segura a queda”. A essa altura eu já estava com um olho bem aberto e outro fechado, pois dois já haviam caído ao meu lado. E queria ver quem os tinham empurrando. Logo vejo que orações individuais são feitas nas pessoas, e assim que a mão do Pastor toca a testa de alguns estes imediatamente vão ao chão.
            
       Nesse ínterim, observo que caminhando em minha direção vem um senhor que também é responsável pelas orações “knockout”.Ele, de baixa estatura, solicita que eu baixe a cabeça, sobe em uma cadeira, e só assim alcance minha cabeça para efetuar seu trabalho. Percebo que há uma técnica composta por jogos de palavras, gritos repetitivos e um leve empurrão na testa para verificar em que nível de predisposição a cair estamos. Ouve uma pequena pressão impulsionando minha cabeça para trás, não mexi um centímetro sequer. Não satisfeito ele empurra mais forte. Nada. Logo o “Hobbit da fé” pressiona com mais força ainda, abro os meus olhos e a seguir vem um dos diálogos mais surreais pra se ter em uma igreja:

- Se o senhor continuar empurrando vou cair, e se cair quando levantar o senhor vai pegar um soco.
- Que isso irmão?!
- Que isso uma porra, é por isso que só vejo gente caindo, você as empurra seu bibelô do Edi Macedo!
- Elas caem pelo poder do espírito santo.
- Mermão, deixe de conversa, vim aqui como convidado e não vou deixar ninguém me derrubar não, desça dessa cadeira tire a mão da minha cabeça e vá tentar iludir outro com suas “quedas divinas”.
- Pastor temos um “demônio” rebelde aqui.
           
      Falei com a pessoa que me convidara que estava me retirando dali enquanto ainda havia paciência. Ela não entendeu muito, mas tempos depois conversamos e relatei o ocorrido. Resumo da ópera: Os problemas do familiar não foram resolvidos, mesmo após ele ter sido praticamente obrigado a participar de mais uns cinco ou seis cultos, devido o lance dos “sequestros de sapatos”. Soube que se bandeou pra outra igreja chamada “Casa da Benção” onde um dos maiores estelionatários da fé que no estado habita,  conhecido como Pastor José é o proprietário. Nisso, também me convidou a frequentar, mas já não estava mais disposto a participar do “freak show religioso” que o mesmo proporciona. E outra, estava sem dinheiro. De lá pra cá continuo buscando a “ligação” à minha maneira, sem correr riscos de quedas ou trocar a língua mater pela dos “anjos”, que talvez nem os anjos entendam.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Solta o celular e conversa porra!

A frase “sou do tempo” ou “no meu tempo” denota, na maioria das vezes certa experiência e\ou idade avançada.  Tudo bem, quanto a isso não tenho problemas, sou tranquilo em relação a idade (a minha, principalmente). Continuo tendo a certeza que ela é mental e não física, logo prossigo. Observo nas rodas de amigos ou colegas (de trabalho, faculdade, etc) hoje em dia, um certo desprezo por parte de alguns em relação às companhias ali presentes. Calma, não sou o chato que não que não tira a foto com a galera pra postagem #DeOntem. Ou até mesmo o contrário àquela “selfie” com aquele trambolho ridículo criado como acessório tecnológico para os celulares modernos (Vamos falar mais\mal disso em outro texto). Acho até bacana, quando usado de maneira “normal”. Abomino a permuta da gargalhada pura e primal, da piada cretina contada ou criada na hora, por vídeos “engraçadinhos” de redes sociais por exemplo.

Há tempo para tudo. A solidão coletiva\virtual que no dia a dia nos impõem regras de convivência e determina o “certo” e “errado”, não pode ultrapassar a linha tênue a qual delimita nossa vida real em relação àquela outra vida de “faz de contas”. Como disse antes, devemos utilizar dos meios comunicacionais virtuais hoje, de maneira moderada e,  como qualquer outra coisa na vida, se usarmos de maneira exagerada acarretará um problema futuro com toda certeza. Vício é foda, sei bem como é isso. Mas voltando para as observações. Tenho centenas de colegas, mas poucos amigos. Desses os quais sempre que podemos nos reunimos, com três ou mais, ou as vezes apenas dois. Sentamos pra discutir uma ideia, projeto, falar sobre cinema, música, um show que gostaríamos de ir ou só encher a cara e falar sobre futebol mesmo.

Desses poucos, menos ainda continuam ali “presentes” durantes os bate papos, o corpo está, mas a mente ávida pela frase de impacto que deve ser compartilhada, os dedos ágeis como os de um datilógrafo (I’m old school) dos anos 80\90 e a extrema necessidade de receber likes ou mentions, os faz em alguns casos, ter a tão sonhada “experiência fora do corpo”. Sou de uma época em que passávamos a noite com bons amigos, bebidas, histórias e muitas estórias, asneiras sem precedentes, paqueras olho no olho e dúvidas sobre muitas coisas. Hoje temos as “informações dosadas”, os “amigos porção única”, as “repostas” a uma telinha de distância.

Entristeço-me, mas algumas vezes vejo esperança ainda, pois continuo com poucos e bons ao meu redor. E desses, cada vez mais ratifico a amizade, pois ainda podemos sentar e conversar por horas e horas, sem a preocupação de olhar para o celular ou tablet, a  não ser que por ventura, surja um som estranho, como um toque musical.  É assustador, mas vemos que uma das funções primárias dos telefones é efetuar e receber ligações, e ainda existe. Hoje isso é tão raro quanto dizer “nunca ouvi falar disso ou daquilo”. Sempre pensamos que sabemos ou ouvimos falar de alguma coisa. Que pena dos meus futuros filhos e netos, nunca saberão o que é ter dúvidas numa conversa fiada.


E um "viva"à obsolescência programada!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

(Des)Construir

Uma vida inteira baseada em “E se fosse possível?”, quem nunca?! Olhar o horizonte infinito, a noite clara de luar, a luz das estrelas, isso tudo sozinho, nos fazer levantar questionamentos insolúveis e devaneios quase que palpáveis. Tenho a sensação de que é na solidão coletiva, que nos rodeia tão massivamente, onde realmente vemos com mais clareza, pelo menos tentamos, e às vezes conseguimos desconstruir esse roteiro mal acabado que somos ou nos tornamos ao longo do tempo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Haikai dos (Des)Encontros


Sendo assim, claro que procurei
Fiquei indeciso, arredio, ainda não sei
Achei?!

Hum, isso explica o implícito
Confunde o explícito
Revoga as certezas
Agride as dúvidas

Ah, as “certezas”, essas levadas
Certamente a reposta já existe
Mas a pergunta é que define

Encontro sem procurar
Mentira
Procurei sem encontrar

Mas o “bom dia”
O “boa tarde”
O “boa noite”
Fez-se a luz em meu olhar

Sentimento vivo
Reascende a dúvida
Se a certeza da busca

Foi/é realmente te encontrar.