A frase “sou do tempo” ou “no meu tempo” denota, na
maioria das vezes certa experiência e\ou idade avançada. Tudo bem, quanto a isso não tenho problemas,
sou tranquilo em relação a idade (a minha, principalmente). Continuo tendo a
certeza que ela é mental e não física, logo prossigo. Observo nas rodas de
amigos ou colegas (de trabalho, faculdade, etc) hoje em dia, um certo desprezo
por parte de alguns em relação às companhias ali presentes. Calma, não sou o
chato que não que não tira a foto com a galera pra postagem #DeOntem. Ou até
mesmo o contrário àquela “selfie” com aquele trambolho ridículo criado como
acessório tecnológico para os celulares modernos (Vamos falar mais\mal disso em
outro texto). Acho até bacana, quando usado de maneira “normal”. Abomino a
permuta da gargalhada pura e primal, da piada cretina contada ou criada na
hora, por vídeos “engraçadinhos” de redes sociais por exemplo.
Há tempo para tudo. A solidão coletiva\virtual que no
dia a dia nos impõem regras de convivência e determina o “certo” e “errado”,
não pode ultrapassar a linha tênue a qual delimita nossa vida real em relação
àquela outra vida de “faz de contas”. Como disse antes, devemos utilizar dos
meios comunicacionais virtuais hoje, de maneira moderada e, como qualquer outra coisa na vida, se usarmos
de maneira exagerada acarretará um problema futuro com toda certeza. Vício é
foda, sei bem como é isso. Mas voltando para as observações. Tenho centenas de
colegas, mas poucos amigos. Desses os quais sempre que podemos nos reunimos,
com três ou mais, ou as vezes apenas dois. Sentamos pra discutir uma ideia,
projeto, falar sobre cinema, música, um show que gostaríamos de ir ou só encher a cara e falar sobre futebol mesmo.
Desses poucos, menos ainda continuam ali “presentes”
durantes os bate papos, o corpo está, mas a mente ávida pela frase de impacto
que deve ser compartilhada, os dedos ágeis como os de um datilógrafo (I’m old
school) dos anos 80\90 e a extrema necessidade de receber likes ou mentions, os faz em alguns casos, ter a tão sonhada “experiência fora do corpo”. Sou
de uma época em que passávamos a noite com bons amigos, bebidas, histórias e
muitas estórias, asneiras sem precedentes, paqueras olho no olho e dúvidas
sobre muitas coisas. Hoje temos as “informações dosadas”, os “amigos porção
única”, as “repostas” a uma telinha de distância.
Entristeço-me, mas algumas vezes vejo esperança ainda,
pois continuo com poucos e bons ao meu redor. E desses, cada vez mais ratifico
a amizade, pois ainda podemos sentar e conversar por horas e horas, sem a
preocupação de olhar para o celular ou tablet, a não ser que por ventura, surja um som
estranho, como um toque musical. É
assustador, mas vemos que uma das funções primárias dos telefones é efetuar e
receber ligações, e ainda existe. Hoje isso é tão raro quanto dizer “nunca ouvi
falar disso ou daquilo”. Sempre pensamos que sabemos ou ouvimos falar de alguma
coisa. Que pena dos meus futuros filhos e netos, nunca saberão o que é ter dúvidas numa
conversa fiada.
E um "viva"à obsolescência programada!
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