sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Pessoas vão, pessoas vem, pessoas ficam

Tenho poucos amigos, mas bons, muito bons. Quando já passamos dos 21 aninhos essa seleção parece que vai ficando mais rigorosa e natural. Discernimento, bom senso, pode dar o nome que quiser, eu prefiro chamar de vivência. Certo. Amizades, com “A” maiúsculo se contam nos dedos hoje em dia, de fato há cada vez menos pessoas confiáveis o suficiente para serem denominados verdadeiros amigos. Comecemos por família, todos os seus familiares são seus amigos? Duvido muito. Pois se a resposta for “sim” você precisa ser entrevistado pela Marília Gabriela ou Jô Soares. Isso será um fato inédito na sociedade pós moderna contemporânea. Pois bem, falando desse modo parece que soa meio preconceituoso para com os parentes e aderentes, mas não, não é.
Há muito venho tentando delimitar parâmetros que definam qual tipo de relacionamento tenho com as pessoas mais próximas a mim. Não pense que é fácil, pois ao mesmo tempo em que tenho certeza de quem é “Brother” sem titubear, as dúvidas acerca de quem classificar como “Amigo” beiram à crise existencial. Mas é engraçado, quando crianças, todos praticamente éramos amigos, no sentido puro, o que definia bem isso era um pedaço do quibe dado na hora do recreio ou o convite pro videogame na casa do mais afortunado da turma. Não precisávamos de muita coisa pra dizer: Esse aqui é meu amigo.
Pulamos pra fase boa das descobertas adolescentes, inconsequentes e na maioria das vezes bastante conturbadas. É aí que o conceito de amizade ganha outras conotações. Amigo de verdade passa a ser aquele que lhe convida pra ir à boate, mesmo sabendo que você tá sem grana, e diz “Relaxa, pago hoje, quando você tiver grana você paga pra mim”. Desses “Brothers” tive muitos, e fui um dos tipos também. Valores diferentes, épocas diferentes e definições de amizades diferentes. Então começamos a enxergar o mundo sob outro prisma, que não o adolescente, e logo a paleta de cores vai do amarelo ouro aos tons mais cinzentos e escuros no que diz respeito à amizade. Isso é meio chocante à principio, mas depois vemos o quanto nossos pais tinham bastante razão sobre quase tudo.
É neste exato momento em que “redescobrimos” a família (Pelo menos comigo foi assim) e o irmão (ou irmã) mais velho de repente não é mais aquele cara que parecia querer apenas mandar, e sim uma pessoa que pode falar com você, e o melhor de tudo disposto a te ouvir. Isso é espetacular. Já estamos naquele momento de buscar um norte, e a conversa com a mãe e o pai já não é tão conturbada quanto antes, lógico que existem assuntos que jamais seu amigo da família vai entender, logo, melhor deixar pra falar com os outros amigos. E nessa troca de conhecimentos familiares, agora fazendo mais sentido, começamos a diagramar o nível de amizades e coleguismos. Colegas de faculdade, de trabalho, de academia (não é o meu caso), colegas de bar (SIM, é o meu caso), colegas de infância e os amigos.
Não consigo contar quantos colegas tenho, já pessoas amigas contando com as duas mãos ainda sobram alguns dedos. Depois de quase conseguir definir\classificar os níveis de amizade\coleguismo ainda tem uma das coisas mais difíceis para um homem: Quais mulheres (que não são da família) de fato são suas amigas, quais são suas colegas, e quais são apenas conhecidas. Sem entrar no tema antigo e machista de “homem não tem amigas”. Claro que tem, mesmo que seja com “benefícios”, mas tem. Como saber que uma pessoa pode ser amiga de verdade, é difícil, mas basta observar algumas atitudes e momentos cruciais e então tiramos as conclusões com base no feito ou no que se deixou de fazer. É claro que não se pode haver cobrança numa amizade verdadeira, é amizade e não casamento, é bom lembrarmos sempre disso.
Nos últimos tempos, mais precisamente nos últimos oito anos, conheci pessoas que se tornaram meus colegas, outras apenas continuaram como conhecidas e algumas foram como se nossas almas já tivessem sido amigas em outro plano astral, universo paralelo, ilha de lost, matrix ou numa camada bem densa de uma “inserção”. O simples fato de começarmos a conversar e nos darmos bem, termos muitas divergências em relação a algumas coisas e ao mesmo tempo termos tanta afinidade sobre os mais variados assuntos fez com que novamente eu redefinisse meu conceito sobre o que é a amizade.


 Contudo, todavia, no entanto meus caros (e poucos) leitores, tenho tido cada vez mais certeza de que a amizade é nada mais nada menos do que a condição de compartilhar experiências (não aquelas em uma rede social), ser solicito, mesmo longe tentar estar “presente”, mesmo sem ter contato por um bom tempo ainda rir e se abraçar quando novamente se encontrarem, discutir rispidamente sobre uma cagada feita e\ou oferecer um ombro num momento de dor ou frustração. Não é preciso estar juntos “24 horas por dia” para sermos\termos amigos, muitas vezes basta uma pequena palavra, ou mensagem durante o dia, ou um telefonema bêbado na madrugada, ou aquele visita chata na hora do almoço de domingo. Porque amigo que é amigo não precisa ser convidado, não precisa ter vergonha um do outro e não precisa ter compromisso, apenas respeito mútuo. E para isso é preciso saber cultivar esse sentimento cada vez mais raro: A amizade.

domingo, 17 de agosto de 2014

Mudar as dúvidas, sem nunca deixar de tê-las



     Pensando com meus botões da camisa, já bem amassada, um questionamento me ferve a mente, um no meio de tantos que me explodem o cérebro todos os dias, nossas escolhas são nossas mesmo, ou na verdade não passam de uma junção de palpites alheios, suposições, divindades ou entes que "controlam" tudo,
e/ou conselhos de alguém que é de fato significante em nossas vidas?
Temos que aceitar o que somos. Vivo "pregando" isso, e agora bate uma vergonha minha ou alheia, não sei ao certo, de ter que pensar(Agora sim) ou melhor repensar com razoabilidade e não com fogo dos sonhos alheios e emoções compartilhadas, uma decisão tomada apenas pelo impeto de mudar por mudar. De maneira pura e simples.
Uma pausa nesse papo de "arrependimento emo". Enquanto escrevo, a playlist taca um
Creep - Radiohead, daqueles que fazem sentir  falta do que nunca nos pertenceu. Sabem como é isso, não?!
Pois bem, onde estávamos... ah tá, vergonha das escolhas. É isso. Então, já com mais de 30 e ainda se deixar levar por emoções, se é errado não sei, só sei que é incomodo. Não me importa o pensamento alheio, me importa a instabilidade nos meus pensamentos, nas "minhas" escolhas. De repente, você se vê contra a parede, com dedos em riste nos mostrando o "caminho", mas a estrada pode ser de tijolos amarelos no seu prisma, e se eu for daltônico, como fica? De pontos de vistas "corretos", boas intenções e pastores da universal o hell ta lotado. Um fato é, nunca faremos somente aquilo que gostamos, mas não é errado se empenhar para fazer algo onde se encontre prazer, mesmo que seja na mais ralé das "posições sociais". Algumas das pessoas mais felizes no mundo voltam pra casa à noite sujas e fedendo, vindo da labuta.
Uma luta de onde não sairemos vencedores não faz tanto sentido assim. Calma, isso não é um texto suicida. É só um pouco de devaneios, mas nada preocupante. Eu acho. Vamos lá. Então se não podemos ser responsáveis por nossas escolhas pra quê esses papo de livre arbítrio, se todas as vezes que temos algo pra decidir pensamos no impacto que isso irá causar no outro, e não no bem/mal que irá causar em nós mesmos? Sei, você dirá que o nome disso é responsabilidade. Mas não seria algo mais complexo, uma questão mais transversal do que simplesmente uma palavra que representa uma ação consciente?
Poder fazer escolhas, repensar, fazer de novo, fazer melhor deveria ser tão simples quanto respirar. A angústia das escolhas erradas é tão ruim quanto o direcionamento alheio ou o empurrão próximo para o caminho "certo".  Frustrações a parte, preciso mudar, eu tenho que mudar, mas será que eu quero mudar?! A maioria das infelicidades é acarretada, de fato, quando pomos em xeque se tudo que fazemos vale mais a pena para os outros do que pra si. Existe destino, fatalidade, caminho traçado etc? E porque não ser uma metamorfose ambulante, deixando de ter aquela velha opinião formada sobre tudo?!