Pra
inicio de conversa, eu necessitaria ter a destreza/delicadeza do
Gregório Duvivier para com as palavras e o humor ácido (ao
descrever cenas do cotidiano) do Rafinha Bastos, para tentar "polemizar" com esse texto, coisas que não
tenho. Vamos falar de algo delicado na vida de todo mundo? Vamos! Mas
lembrando sempre que “a gente” não é “todo mundo”.
Surfando
a ondinha do mais do mesmo que valem likes/deslikes, resolvi,
pensando com meus botões, tentar entender a essência de um
relacionamento. Tudo isso levando em consideração que descordo
totalmente da narrativa melosa à la “Sabrina/Bianca/Júlia” e
parcialmente do engajamento humorístico romantizado tentando
descrever/transcrever a vida real de “gente como gente”.
A
vida (adulta) é mais cruel do que “mocinho” morrendo em
casamento de novela das oito. Quando chega não pergunta se pode
entrar com todos os problemas e imposições, ela apenas entra sem
limpar os pés, abre a geladeira, pega a última lata de cerveja,
senta no sofá, toma o controle da TV da nossa mão e pronto.
Relacionamentos
são uma espécie de upgrade da vida (adulta), são o limiar entre
responsabilidade adquirida e gramática no singular jogada pelo ralo
da pia. Sabe aqueles sonhos?! Pois é, eles não são mais só seus.
Quando
digo isso não significa algo como ter dentro de si um egoísmo
brutal, ter um ego maior do que o king-kong ou sido doutrinado por
uma criação “machista-erradista” disseminada de geração a
geração. A divisão de sonhos não existe literalmente, é apenas
uma maneira de dizer que os mesmos foram transformados em algo que
poderíamos chamar de reorganização de prioridades.
Não
se trata de traçar planos com etapas complexas compostos por
gráficos e apresentações de slides motivacionais. Vixe. Se trata
de algo mais, quase que imperceptível. Descrever sentimentos de início,
meio ou fim de relação, sejam eles quais forem, é praticamente um
exercício de autoanalise.
Se
pudéssemos provar/comprovar que a parte boa que ficou do outro(a)
que se foi somos nós mesmos?!Sim caros amigos leitores (pouco mais
de 5 AMIGOS que leem isso por aqui na verdade), teríamos plena
consciência dos erros que proporcionaram o fim, ou dos acertos
responsáveis pela continuidade?
Relações
interpessoais amorosas e/ou apaixonadas são mais complexas do que os
cálculos responsáveis por mensurar a massa de um buraco negro (o
google pode mostrar que é simples, mas não é). E vocês se
derretem sempre que veem/leem algo romântico sendo
escrito/narrado/descrito. Ok. Nada demais, entendo a necessidade extrema
de alguns, que abseuam por "opiniões" lúdicas acerca de um tema tão complicado. Para mim, esse tipo de coisa remete a
algo tão irrelevante e fora da realidade como poemas e “cancionetas”
compostas durante uma guerra mundial. Isso vende, isso agrada, eu
sei.
Na
verdade, (em minha concepção de verdade) não se trata de amor/paixão/tesão/diversão,
se trata de compromisso, respeito e de compreensão (isso tá
acabando como algo do tipo crônicas de pasquim de domingo no formato
Augusto Cury), do quanto se pode suportar determinados problemas
passageiros ou desfrutar de felicidades “instantâneas” ao longo
do tempo, e ainda assim persistir/insistir ou (não)desistir.
Trata-se
de dividir as contas de
luz/água/internet/netflix/telefone/veterinário, dividir a conta do
jantar a dois, as frustrações profissionais sentados no sofá da
sala ao fim dia. Se trata de aturar os defeitos, reconhecer os
próprios, tentar melhorar, errar e pedir desculpas.
Trata-se
de contar a piada sem graça no almoço de domingo e ainda ouvir a
gargalhada da(o) parceira(o) exatamente igual ao tempo de namoro. Isso, não sei se é
amor/paixão, isso eu tenho certeza que é ter um relacionamento de verdade.
Quando acabar(o pra sempre, sempre acaba), talvez teremos registrados conosco essa memória real e latente de
como é e/ou foi bom enquanto valeu a pena.