quinta-feira, 17 de setembro de 2015

(Des)Virtualidade exposta na bienal do grotesco

            O sentimento não é mais vivido, é compartilhado, o momento não é mais imortalizado, é curtido, a verdade não depende mais dos pontos de vista de cada um e sim do quão xiita-radical-revoltado-ignorante você/nós somos. Me digam se isso não aborrece alguém, pelo menos uma, duas ou mais vezes durante o dia?! - Se você respondeu “não”, me passe a receita – temos assuntos sérios no âmbito da política nacional/internacional sendo externados e manipulados a bel prazer pelos meios de comunicação, e pelos comunicadores de meias verdades que atendem aos grupos que sempre aí estiveram, estão e estarão como detentores do eterno domínio no que diz respeito à informação.

Temos besteiras sem precedentes como morte/casamento/nascimento de alguém “famoso” e a opinião de um colunista/jornalista que de repente ganhou o ódio dos fanzines quem andam sempre com suas tochas em punho, a espera de uma caça às bruxas que nunca chega. Temos gente se matando de verdade, por “pouca coisa” (quando na verdade a vida não tem preço), gente se “amando” tanto, vide retratos mundo afora, que até faz mal pra um diabético visualizar tanta doçura vomitada nas timelines.

E de repente, não mais que de repente, envolto nessa aura de fim dos tempos , ainda temos “crises”, descrença, lutas de classes, estado islâmico, conchavos, sertanejos universitários, funkeiros analfabetos, musicalidade perdida inversamente proporcional à contas bancárias transbordantes,edi macedo, exército de deus, malafaias e felicianos. Ufa. Mas, isso é muita informação/desinformação complexa para repetirmos de maneira desenfreada nessa onda de verdades absolutas transversalizadas e opiniões desprovidas de senso crítico. Opiniões essas, que em grande parte são, desmedidas, leigas e semianalfabetas sim, quer você goste ou não.

Não sou do tipo que manda flores, ou compartilha “jesus” só para quem crê, mas também não sou do tipo que aceita superexposição familiar, banalização de momentos íntimos e incitação à violência gratuita. Nesses últimos tempos, é o que mais temos evidenciado, incitação a crimes sendo subcontextualizdos como democracia, liberdade de expressão e opinião expressamente “garantida por lei”.

A paz que eu quero está longe dessa revolta online, dessa burrice travestida de senso comum, dessa falta de respeito (se é que algum dia tivemos) para com o próximo ou consigo mesmo. A vida anda chata demais, difícil demais, curta demais, cara demais, pra ainda perdermos tempo propagando o ódio, ou pelos menos transparecendo que é isso exatamente o que queremos. Ou não. Na verdade nós mesmo não sabemos o que queremos. Sejamos francos!?

Oremos, se valer a pena mesmo acreditar em algo. Olhemos, um pouco menos para nosso umbigo, mas isso se, realmente quisermos sobreviver/viver compactuando de opiniões de maneira consistente e clara, com o mínimo de bom senso e respeito, acerca de algo complexo como direitos individuais de minorias, morte ou vida para alguns, construção/desconstrução abstrata de sentimentos ou algo vago como o chopp quente do boteco da esquina e o juiz FDP que não deu aquela penalidade a favor de seu/meu time.

Vamos nos permitir, questionar, repensar, redesenhar as atitudes, reformular os sentimentos, reinventar a forma de olhar. Que sejamos menos, que odiemos menos, que vivamos mais.

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