O
sentimento não é mais vivido, é compartilhado, o momento não é
mais imortalizado, é curtido, a verdade não depende mais dos pontos
de vista de cada um e sim do quão xiita-radical-revoltado-ignorante
você/nós somos. Me digam se isso não aborrece alguém, pelo menos
uma, duas ou mais vezes durante o dia?! - Se você respondeu “não”,
me passe a receita – temos assuntos sérios no âmbito da política
nacional/internacional sendo externados e manipulados a bel prazer
pelos meios de comunicação, e pelos comunicadores de meias verdades
que atendem aos grupos que sempre aí estiveram, estão e estarão
como detentores do eterno domínio no que diz respeito à informação.
Temos
besteiras sem precedentes como morte/casamento/nascimento de alguém
“famoso” e a opinião de um colunista/jornalista que de repente
ganhou o ódio dos fanzines quem andam sempre com suas tochas em
punho, a espera de uma caça às bruxas que nunca chega. Temos gente
se matando de verdade, por “pouca coisa” (quando na verdade a
vida não tem preço), gente se “amando” tanto, vide retratos
mundo afora, que até faz mal pra um diabético visualizar tanta
doçura vomitada nas timelines.
E
de repente, não mais que de repente, envolto nessa aura de fim dos
tempos , ainda temos “crises”, descrença, lutas de classes,
estado islâmico, conchavos, sertanejos universitários, funkeiros
analfabetos, musicalidade perdida inversamente proporcional à contas
bancárias transbordantes,edi macedo, exército de deus, malafaias e
felicianos. Ufa. Mas, isso é muita informação/desinformação
complexa para repetirmos de maneira desenfreada nessa onda de
verdades absolutas transversalizadas e opiniões desprovidas de senso
crítico. Opiniões essas, que em grande parte são, desmedidas,
leigas e semianalfabetas sim, quer você goste ou não.
Não
sou do tipo que manda flores, ou compartilha “jesus” só para
quem crê, mas também não sou do tipo que aceita superexposição
familiar, banalização de momentos íntimos e incitação à
violência gratuita. Nesses últimos tempos, é o que mais temos
evidenciado, incitação a crimes sendo subcontextualizdos como
democracia, liberdade de expressão e opinião expressamente
“garantida por lei”.
A
paz que eu quero está longe dessa revolta online, dessa burrice
travestida de senso comum, dessa falta de respeito (se é que algum
dia tivemos) para com o próximo ou consigo mesmo. A vida anda chata
demais, difícil demais, curta demais, cara demais, pra ainda
perdermos tempo propagando o ódio, ou pelos menos transparecendo que
é isso exatamente o que queremos. Ou não. Na verdade nós mesmo não
sabemos o que queremos. Sejamos francos!?
Oremos,
se valer a pena mesmo acreditar em algo. Olhemos, um pouco menos para
nosso umbigo, mas isso se, realmente quisermos sobreviver/viver
compactuando de opiniões de maneira consistente e clara, com o
mínimo de bom senso e respeito, acerca de algo complexo como
direitos individuais de minorias, morte ou vida para alguns,
construção/desconstrução abstrata de sentimentos ou algo vago
como o chopp quente do boteco da esquina e o juiz FDP que não deu
aquela penalidade a favor de seu/meu time.
Vamos
nos permitir, questionar, repensar, redesenhar as atitudes,
reformular os sentimentos, reinventar a forma de olhar. Que sejamos
menos, que odiemos menos, que vivamos mais.